Igreja de Santa Efigênia. Ouro Preto.
Estilo: Barroco
Histórico
Conhecida como Igreja de Santa Efigênia,
ou Igreja de Santa Efigênia dos
Pretos, ou ainda de Igreja de Nossa Senhora do
Rosário do Alto da Cruz, a igreja demorou 60 anos para ser construída,
de 1730 a 1790 (XVIII), na época em que o Brasil ainda era colonizado pelos
portugueses, somente vindo a conquistar a sua independência em 1822. Isto
se deve a que os escravos, que construíram para si o templo, somente podiam
erguê-lo à noite por terem que trabalhar o dia todo. Histórias ou a lenda
conta que foi construído com o ouro extraído da Mina Encardideira do Chico Rei,
escravo que foi trazido do Congo, África, e que conquistou a sua liberdade com
o trabalho e comprou a mina.
Fica situada no topo de uma colina e acessível por
ladeira íngreme. A sua situação é belíssima, abrange uma larga visão sobre a
cidade, mas bastante afastada e na parte mais antiga do velho bairro do Padre
Faria. Ao chegar ao alto da ladeira, há que subir 42 degraus de uma ampla
escadaria de pedra em dois lances, fechada na base por uma grade e portão
relativamente recentes.
A igreja está situada sobre uma plataforma e tem um
anexo, do lado esquerdo o portão do cemitério da Irmandade, obra que deve ser
um acréscimo do século XIX.
Descrição
O frontispício é dividido em três corpos, sendo que
o central é avançado e enquadrado por cunhais com capitéis jônicos. Os corpos
laterais das torres são prismáticos, com os cantos arredondados. O grande
entablamento é curvo no corpo central, abrigando o óculo, em sua concavidade. A
portada principal em verga reta, com portal moldurado encimado por um frontão
triangular partido e que faz corpo com um nicho em arco redondo e terminado por
duas volutas e um concheado.
Manuel
Francisco Lisboa, arquiteto português, participou do projeto da igreja, que
possui altar de madeira entalhada de Francisco Xavier de Brito, o mestre do
Aleijadinho, Antônio Francisco Lisboa, filho do projetista. A pintura do
seu interior é de Manuel Rabelo de Souza, que apresenta um papa negro. Na
fachada estão os relógios de pedra considerados os mais antigos da cidade.
A nave é ampla, coroada por grande entablamento o
qual, na parede do arco-cruzeiro, encurva-se por cima do arco. Este é
moldurado, apoiado sobre pilastras com capitéis compósitos. Há quatro altares e
retábulos entalhados, na nave, cujo forro de tábuas tem a forma de asa. Os
altares que ladeiam o arco-cruzeiro são ricos, movimentados, de um barroco
opulento, com motivos florais, concheados, duas colunas suportando o coroamento
acima, ladeado por dois anjos.
O altar mor
A igreja lá no fundo, vista do centro, Praça Tiradentes, ao
cair da tarde.
Técnicas
construtivas
Primeira igreja da região a tirar partido efetivo das novas
possibilidades construtivas permitidas pelo uso de alvenarias de pedra e
cantaria. Cujas obras foram arrematadas em 1733 pelo pedreiro e mestre-de-obras
Antônio Coelho da Fonseca.
Ainda de base retangular, o plano de Santa Efigênia apresenta, entretanto,
nítida evolução sobre os planos de outras igrejas do período, na obtenção de
formas mais elegantes e funcionais.
O espaço da capela-mor é alongado, seus corredores estreitados e
os da nave totalmente suprimidos, resultando na projeção lateral das torres
destacadas do volume retangular externo. O piso é de tabuas.
A utilização da pedra transforma, sobretudo o aspecto da fachada
principal, cujas torres figuram em posição de ligeiro recuo com relação ao
frontispício, tendo os ângulos de junção arredondados e coroamentos em forma de
bulbo. Outra novidade é a decoração da portada com um nicho abrigando a estátua
de Nossa Senhora do Rosário, encimado por um óculo.
As pedras utilizadas eram a pedra-sabão e a canga. A argamassa era o
barro. As pedras eram de tamanho variável, até 40 cm na maior dimensão ou mais,
e acabamento irregular, sem qualquer trabalho de aparelhagem. Pedras menores
eram colocadas para calçar as maiores.
Planta da
Igreja
Restauração
Santuário castigado pela
falta de recursos. Os fios elétricos estão expostos, e o forro da sacristia construído
em 1735, está tomado por cupins. Em 2008, a igreja foi fechada para obras, que
tiveram investimento de R$ 1,3 milhão. O altar e a área destinada aos fieis
ficaram prontos, mas em dezembro de 2009 a reforma foi interrompida por falta
de verbas e a igreja continuou de portas fechadas.
Igreja São Francisco de Assis. Ouro Preto.
Estilo: Terceira fase do barroco.
Histórico
Exemplo da riqueza econômica e cultural
vivenciada por Ouro Preto no
século XVIII, a Igreja de São
Francisco de Assis começou a ser
construída em 1766, quando a
vila vivia o ápice da exploração do
ouro. Financiada pela Ordem Terceira de
São Francisco de Assis, organização
que reunia parte da população
branca da vila, a igreja pertence
à freguesia de Antônio Dias,
uma das duas 'áreas religiosas'
que dividem a cidade.Aleijadinho foi contratado
para desenhar a planta geral
da construção e de sua
portada, tribuna do altar-mor
e altares laterais. Além
disso, são dele as esculturas da portada, dos púlpitos, do retábulo e da
capela-mor.
Descrição
A fachada principal e o corpo da
igreja têm forma curvilínea, uma característica nova trazida pelo estilo
barroco, pois os templos religiosos até então costumavam ser retangulares. As
duas torres arredondadas e lembrando a forma de uma guarita valeram à
construção o apelido de "Igreja Militar".
Nem todas as igrejas da terceira fase barroca têm uma
fachada tão trabalhada como a da São Francisco de Assis. No alto da porta
principal, vê-se uma imagem de Nossa Senhora da Conceição, padroeira dos
franciscanos. O medalhão redondo um pouco mais acima retrata São Francisco, de
joelhos, recebendo as chagas de Cristo.
O interior tem paredes e teto revestidos de
madeira esculpida, atrás do altar tem uma peça de madeira em alto- relevo com
acabamento de ouro que mostra a exuberância da arte barroca.
Os altares laterais repletos de
anjinhos, flores e espinhos estão presentes em quase todas as igrejas do
estilo. Na Igreja podem ser vistos três altares de cada lado da nave, dedicados
a santos franciscanos: Santa Isabel da Hungria, Santo Ivo, São Francisco de
Assis, São Lúcio e Santa Bona, São Roque e Santa Rosa de Viterbo.
O lavabo em pedra-sabão da sacristia é
considerado uma obra ímpar de Aleijadinho. Retrata uma figura humana com olhos
vendados representando as qualidades franciscanas: pobreza, fé, obediência e
castidade. Mas a sacristia também é famosa pela lenda de que o fantasma de uma
mulher com roupas do século XVIII costumava aparecer no local
O teto da igreja é uma obra-prima que levou
quase 11 anos para ficar pronta. O artista mostrou a ascensão de uma Nossa
Senhora com traços mulatos, envolta numa grande revoada de anjos.
Teto Lavabo
Técnicas
construtivas
Coube à Ordem Terceira da Penitência
de São Francisco de Assis a iniciativa da construção da capela de São
Francisco, obtendo-se em 1771 a licença régia necessária para a edificação do
templo. Antes mesmo, em 1765, foram iniciadas as obras de terraplanagem e em 27
de dezembro de 1766 foi arrematada a obra de alvenaria pelo mestre pedreiro
Domingos Moreira de Oliveira, obedecendo ao risco de Antônio Francisco Lisboa.
As indicações sobre as técnicas e
materiais que seriam empregados na construção, foram minuciosamente detalhados
no ato de arrematação. Como de costume no período, sua construção iniciou-se
pela capela-mor. A abóbada foi construída entre 1772 e 1774, época em que foi
também realizada sua ornamentação em talha e estuque, sob a direção de
Aleijadinho. No mesmo período o artista concluiu os púlpitos em pedra-sabão
inseridos no arco-cruzeiro. O retábulo do altar-mor, em função do qual foi
organizada toda a decoração da capela, só seria executado entre 1790 e 1794.
Concluída a capela-mor, os administradores da obra optaram em seguida pela
execução do frontispício, cuja portada, arrematada em 1744, teve seu risco
executado por Aleijadinho.
Em 1787, as torres sofreram um acréscimo e no ano seguinte foram feitos os
telhados do templo. Em 1794, Domingos Moreira de Oliveira conclui a obra de
alvenaria. Entretanto, quase toda a parte de douramento e pintura, assim como a
execução da talha dos altares da nave ainda estava por fazer. O Manuel da Costa
Athay de coube a pintura e douramento da capela-mor, a pintura do forro da nave
e dos painéis a óleo da nave e capela-mor, as quais se realizaram entre 1801 e
1812. A construção dos altares da nave, também projetados por Aleijadinho, se
estendeu de 1829 a 1890.oi construído
entre 1831 e 1838 por Manuel Fernandes da Costa e José Ribeiro de Carvalho.
A singularidade da planta reside na
supressão dos corredores da nave e maior integração dos corredores da
capela-mor ao conjunto, como também na posição das torres, que se fecham para
trás no corpo da igreja, projetando o frontispício.
O arco-cruzeiro assume função
monumental, constituindo-se no ponto de junção do edifício. Nele foram
incorporados os púlpitos de pedra, enquadrados por duas pilastras com arquitraves
altas e de perfil, dispostas obliquamente. Assim, os arcos, o altar, os
púlpitos, formam uma composição. Esses púlpitos constituem as primeiras obras
documentadas de Aleijadinho enquanto escultor de baixos-relevos em pedra-sabão,
servindo de base aos estudiosos para o estudo das características de seu
estilo.
Portada Capela mor e altares laterais
Planta
Restauração
Foi concluída no fim de setembro uma
restauração de diversos setores da
construção. O altar-mor, ameaçado por infiltrações, teve suas pinturas e ornamentos reafixados.
"As peças estavam se desprendendo".
A outra etapa da restauração concentrou-se nos
seis altares laterais da
igreja, que tiveram a sujeira retirada da madeira por solventes especiais e recuperaram suas cores
originais. Parte do assoalho apodrecido foi trocado por peças feitas a partir
das técnicas originais, enquanto
o restante do piso continua aguardando uma reforma. Além disso, foram colocadas novas
fechaduras, trincos, filtros solares nas janelas,
alarme contra incêndio e sistema de som.
Os trabalhos, organizados pela FAOP
(Fundação de Arte de Ouro Preto), demoraram um ano e meio e custaram R$ 50 mil,
verba cedida pela Alcan. As atenções agora devem se voltar para a parte externa
da igreja, já que há um
desgaste das pedras que compõem o pátio e a fachada merece uma nova pintura.
Casa dos Contos. Ouro Preto.
Estilo:
Barroco
Histórico
Construída por João
Rodrigues de Macedo, cobrador dos impostos da Capitania de Minas, foi
originalmente, em 1784, século XVIII, sua residência e local para administração
de seus negócios. Serviu para diversos fins, inclusive de cárcere para os
inconfidentes, dentre eles Álvares Maciel, Luiz Vieira da Silva, Padre Rolim e
Cláudio Manuel da Costa, que lá morreu.
Foi completamente restaurada
em 1984 e contém em seu interior exposições documentais da Casa da Moeda do
Brasil e do Banco Central do Brasil e outras mostras culturais que, junto ao
mobiliário e arquitetura, compõem o Museu.
Missão: Preservar a memória econômico-fiscal do
Ciclo do Ouro, a arquitetura barroca e promover as artes e a cultura nacional.
Descrição
É uma das mais elegantes e
requintadas edificações civis, com cunhais, cimalhas e guarnições de vãos em
apuradíssima cantaria.
Andar
térreo localizou os escritórios e senzalas.
Andar
principal foi o alojamento da família e um mirante que fotografa grande parte
da atual Ouro Preto.
Dentre os elementos que
logo nos fere a curiosidade, destacamos a molduração sóbria da fachada, a porta, a famosa
escada nobre de dois lances, sob cujo patamar ter-se-ia, segundo alguns,
suicidado Manoel da Costa. Não menos nos interessa alguns espelhos de
fechadura, a varanda de madeira e o pátio “pé-de-moleque” com seu
bebedouro. Dignos de nota têm ainda os dois fornos: o de padaria e o de
fundição de ouro, cuja chaminé é de belo efeito.
Técnicas construtivas
Alvenaria
de pedra.
Estrutura:
pilares e vigas de madeira, fundação em pedra.
Piso
pé-de-moleque e madeira.
Telhas
cerâmicas.
Escadaria feita de pedra.
Planta
Intervenções
O edifício,
construído para moradia, sofreu, nesses 200 anos de sua existência, diversas
intervenções, a começar pelos acréscimos havidos por volta de 1821 e 1844. No
século XX, em 1928, a área correspondente ao mirante desaba, acarretando, em
consequência, a necessidade de sua reconstrução com a implantação, já naquela
época, de estrutura de concreto armado caracterizada por duas vigas de
sustentação, instaladas sob as janelas da água furtada que dão para os fundos
do prédio e na mesma posição na parede oposta, permanecendo o arco da varanda
como um falso arco estrutural.
O
desabamento, de grandes proporções, e sua reconstrução indica ter havido,
então, substanciais modificações naquele local do prédio. Outra intervenção
ocorre por volta de 1947, atingindo, dessa feita, também a varanda interna,
oportunidade em que teria ocorrido a "poda" do beiral do telhado
naquela área.
Durante o
tempo em que abrigou os Correios e a Caixa, várias alterações físicas se
processaram internamente, mediante a transformação, entre outras, de uma ala de
cômodo em salão contínuo (segundo pavimento, lado esquerdo); adaptações de
banheiros em sala frontal, também no segundo pavimento, e só erguimento de
paredes e pilastras divisórias no salão térreo que, anteriormente, já tivera
demolidas suas paredes divisórias originais.
A saída dos
Correios e a ocupação do prédio pela Prefeitura Municipal, em 1970, levam a
novas obras e adaptações, sem se fazer, contudo, a execução de trabalhos
estruturais. Pouco antes do final de 1973, ainda em adaptações para a
Prefeitura Municipal, descobre-se, na sala nobre da Casa, sob teto falso
rebaixado, um forro original com pinturas da época da construção da residência,
com belíssimas pinturas de grande valor artístico e histórico, então atribuídas
a Manuel da Costa Ataíde.
O forro foi
descoberto como decorrência da necessidade da passagem de fiações elétricas
através do tabuado do teto daquela sala, para a qual se adaptavam outras duas
saletas laterais. Com a abertura da sua parte superior, verificou-se a
existência de outro forro falso. O arquiteto e historiador Ivo Porto de
Menezes, avisado, procedeu à exposição de todo o painel ali escondido, com a
remoção do forro falso.
Posteriormente,
em fins de 1973, o Ministério da Fazenda retoma o prédio e lhe devolve suas
possíveis e então imagináveis características físicas originais, por meio da
remoção de acréscimos recentes e de outras intervenções que descaracterizavam
sensivelmente a edificação. O exíguo período de tempo necessário à instalação
do Centro de Estudos do Ciclo do Ouro certamente contribuiu para que várias das
descobertas agora efetuadas passassem despercebidas na época. Esses trabalhos
não atingiram a parte estrutural do monumento, talvez porque se tenha partido
do pressuposto de que, com tantas intervenções recentes, a estrutura do imóvel
se encontraria em bom estado, condição que até há pouco tempo se apresentava
como verdadeira.
Em 1978, em
vista da enorme quantidade de telhas quebradas – anteriormente haviam sido
emboçadas na totalidade, o que resultou na quebra de grande quantidade delas,
devido ao impedimento de movimentação natural – e do consequente resultado de
goteiras generalizadas, empreendeu-se a substituição da maior parte das telhas
por outras novas, de acordo com o modelo aceito e até hoje recomendado pela
Secretaria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Sphan) sendo as mesmas
submetidas a um processo, indicado por aquele órgão, para seu escurecimento e
integração paisagística.
Resolvido o
problema crucial das infiltrações, nos últimos dois anos a edificação passou a
apresentar diversos sintomas degenerativos crescentes e acentuados, tais como
insuficiência nas instalações elétricas,vazamentos e entupimentos nas partes
embutidas das redes hidráulica e sanitária, abatimentos de paredes e pisos,
perigo de desabamento da varanda interna pela sua exposição permanente a
intempéries e a presença constatada de fungos e insetos xilófagos na estrutura
madeireira.
Tornou-se,
então, necessária a substituição de parte do ripamento, já completamente
danificado por ataques de insetos xilófagos e apodrecido. Na obra de restauração
que nos ocupa, comprovou-se, a partir de estudo e análise técnica do Centro
Tecnológico de Minas Gerais (Cetec), que a ação nefasta de tais pragas –
principalmente na estrutura do imóvel, de difícil visualização e acesso –
ocorria há mais de 25 anos (ou seja, desde a década de 1950), de forma
generalizada, associada a processos destrutivos causados por fungos.
Restauração
Os calços
das vigas eram, via de regra, originados de madeiras com baixa resistência a
predadores, o que pode ter sido responsável, em parte, pelo fácil acesso dos
predadores a essas peças, de onde, depois de estabelecidos, expandiram-se para
as partes das vigas mais suscetíveis à deterioração.
O primeiro
e segundo pavimentos apresentaram problemas semelhantes no que tange à preservação
das estruturas de sustentação de tetos e assoalhos.
A sala
nobre constituiu um caso especial, dado que a pintura a têmpera precisaria ser
preservada, e algumas peças de madeira que a compunham mostravam-se estragadas,
sobretudo nas bordas, ou desajustadas no mosaico de composição da pintura.
A delicadeza do teto, sua proximidade com o
telhado e a necessidade de preservação de sua pintura foram as principais
variáveis responsáveis por um tratamento particular neste caso.
As peças
irremovíveis e/ou embutidas em paredes, como pés de esteios e portais, foram
expostas e examinadas uma a uma, tendo as sãs recebidas, preventivamente,
tratamento imunizante por meio de tubos de soro em toda a sua extensão. Também preventiva
e adicionalmente, os barrotes, após a instalação dos pisos, receberam um
tratamento imunofungicida contínuo e sistemático, tendo o soro sido aplicado
por meio de tubos em toda a sua extensão.
Os
arremates dos pisos junto às paredes, como de resto todos os pontos de peças de
madeira em contato com alvenarias, foram tratados com argamassas preparadas com
fungicidas e preservativos imunizantes, a fim de impedir ou, pelo menos,
retardar ao máximo qualquer possível processo de apodrecimento pelo ataque
xilofágico.
Em todos os
forros foram deixadas "janelas" para inspeções periódicas das
estruturas existentes entre forros e pisos.
Santuário
do Caraça.Catas Altas
Histórico
O primeiro registro do
Caraça aparece somente no ano de 1708. Esse nome foi dado a um trecho da Serra
do Espinhaço em um mapa da Província de Minas Gerais. Uma das hipóteses é a de
que o nome se deve ao formato da Serra, que se parece com uma enorme “cara”
deitada e olhando para cima.
A região ainda era uma
sesmaria quando foi comprada pelo Irmão Lourenço de Nossa Senhora em 1770. (Irmão
Lourenço era um fidalgo português, de nome D. Carlos Mendonça de Távora, que
veio para o Brasil, fugindo das perseguições do Marquês de Pombal, por crime de
alta traição.) “Ele logo começou a construir uma casa de
hospedagem para romeiros e uma capela barroca, dedicada a Nossa Senhora Mãe dos
Homens, devoção mariana tipicamente portuguesa”, afirma o Padre
Wilson Belloni, diretor do Santuário do Caraça e da RPPN.
As primeiras
edificações foram a Capela, ainda em madeira e inaugurada em 1774, e o
"hospício", edifício destinado à hospedagem de religiosos e romeiros.
A primeira igreja, seguindo a tradição mineira de demonstrar a fé através da
ornamentação, recebeu pintura e douramento, em 1783.
O Conjunto Arquitetônico, composto pela igreja, casa e claustro dos
religiosos da Congregação da Missão, catacumbas, ruínas do antigo colégio,
museu, biblioteca, pousada e anexos de serviço, foram tombados pelo SPHAN (Serviço
de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) em 1955. O Parque Natural é
composto por números sítios naturais, grutas, gargantas, córregos, riachos,
rios, cachoeiras, matas e bosques e tem Tombamento Paisagístico pelo IEPHA
desde 1989.
O conjunto
O conjunto tal como o vemos
hoje, foi sendo construído aos poucos. Cada irmão que chegava dava sua
contribuição e deixava suas marcas. Tudo começou em 1770, com a construção da
Capela Barroca e dos dois blocos laterais, até a sexta janela, pelo Irmão
Lourenço.
Não existem muitos dados
sobre a capela primitiva. Além de ter sido edificada em 1774, sabe-se também de
sua conformação através de um desenho enviado a Portugal, sem data. O certo é
que sua graciosidade compunha o acervo colonial do Caraça e seu tamanho não
comportava os inúmeros religiosos e alunos residentes.
O conjunto é uma construção
de linhas horizontais, construído para convento e, posteriormente adaptado para
colégio. O edifício destinado a hospedagem compunha-se de duas alas laterais à
capela, com dois pavimentos e seis janelas para cada lado, e escadaria de
acesso ao adro, tudo em pedra. No lado esquerdo de quem entra, completa-se o
conjunto com claustro, refeitório, cozinha e oficinas. O interior destas
edificações era simples e austero, como convinha a uma edificação monástica.
Devido ao pequeno número de
pessoas que a Ermida do Irmão Lourenço comportava, o contínuo aumento do número
de alunos do Colégio e a presença no Caraça do Seminário Maior de Mariana
(1854-1882), houve a necessidade de construir uma igreja melhor para atender
esse povo. Assim resolveu derrubar a primitiva Ermida e
construir um grande templo neogótico. Em 1876, iniciaram a demolição da pequena Ermida
e a construção do atual Santuário, que levou sete anos, sendo consagrado no dia
27 de maio de 1883.
Ao contrário do barroco, o
apelo religioso do neogótico não é mais ao emocional, mas ao racional, à
capacidade intelectiva do ser humano, que pode caminhar ao encontro de Deus.
Se, no barroco, os altares das Igrejas davam a impressão de que Deus vinha
poderosamente sobre o fiel, na igreja neogótica toda a construção é feita para
que o fiel possa alcançar a Deus, buscá-lo a partir de sua inteligência e
reflexão. O encontro com Deus se dá agora num mundo aberto, não mais apenas
tutelado pela Igreja, mas empurrado pelas ciências e pelos novos conceitos
existenciais. Igrejas altas, com ogivas e colunas, demarcam o espaço em que o
fiel busca um encontro com o Transcendente, que vive em outro mundo, mas que
pode ser encontrado. A claridade e a abertura das Igrejas, com suas janelas,
vitrais e rosáceas, demarcam que as Luzes chegaram também para a experiência
religiosa e que os novos tempos e os novos ventos devem arejar o conhecimento
de Deus e o encontro com o Absoluto.
Técnicas construtivas
A construção do templo
neogótico, seguia o estilo francês, havendo adaptações com material local.
Mesmo tendo sido feita em
estilo arquitetônico francês, a Igreja do Caraça foi construída sem mão-de-obra
escrava e toda com material regional: pedra sabão (retirada de perto da
Cascatona), mármore (das proximidades de Mariana e Itabirito) e quartzito (da
região do Caraça e vizinhanças), unidas com um produto a base de cal, pó de
pedra e óleo.
Construiu-se, assim,
a primeira igreja neogótica do Brasil: toda ela desenhada, projetada e
edificada por um Padre da Missão, na Serra do Caraça.
Vitrais Franceses
Merecem destaque, no
interior da Igreja, os vitrais franceses do presbitério.
Pintura
por Ataíde
Ainda da antiga Ermida do
Irmão Lourenço mantêm-se dois altares barrocos, ricamente pintados, entre 1806
e 1807, pelo Mestre Ataíde, o célebre pintor marianense.
FONTES
http://interata.squarespace.com/jornal-de-viagens/2008/9/7/ouro-preto-mg-o-acervo-arquitetonico.html
http://interata.squarespace.com/jornal-de-viagens/2008/9/7/ouro-preto-mg-o-acervo-arquitetonico.html
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