quinta-feira, 13 de junho de 2013

LUXOR HOTEL EM OURO PRETO - Arquitetura e Urbanismo - Iviny Ribeiro, Marliany Brito e Thaynara Valbuza


[breve histórico]

Instalado em um casarão do século XVIII, Luxor Hotel se integra a atmosfera de arte e história de Ouro Preto - Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade,.
O Casarão fora construído no período brasileiro em que se vivia o CICLO DO OURO, marcando o final do século XVII - com a descoberta em Minas Gerais, Bahia, Mato Grosso e Goiás - até o final do século XVIII - quando a população brasileira passou de, aproximadamente, 300 mil para 3 milhões de pessoas. Minas Gerais tornou-se o centro econômico da Colônia, com um rápido povoamento em locais como Ouro Preto e Mariana. Onde era explorada a potencialidade da época, o ouro de aluvião.
O Hotel fica situado na esquina do antigo "beco da Lapa", região Central, na Rua Dr. Alfredo Baeta, 16. É um sobrado setecentista que se destaca pelas proporções. Nele residiu o Padre Inácio Xavier da Silva Ferrão, membro de importante família setecentista estabelecida em Vila Rica. Foi também residência de Augusto Barbosa da Silva (1860-1939) professor da Escola de Minas a partir de 1889, precursor da siderurgia na América Latina e pioneiro da Eletro-metalurgia mundial, com a invenção do alto forno elétrico. 

[paredes de pedra] 
por Thaynara Valbuza
As paredes robustas são o reflexo da técnica desenvolvida no período e estruturam a construção do Luxor hotel.
As paredes de pedra foram utilizadas em boa parte da construção, atuando sempre como elemento estrutural. O que é bastante perceptível em muitas outras construções de Ouro Preto.
No Hotel Luxor três tipos de técnica foram utilizados: junta seca, parede de pedra e cantaria.
As alvenarias tanto de pedra bruta quanto aparelhadas ou ainda de junta secas, foram bastante utilizadas na Colônia, devido a sua abundância e sua resistência às intempéries.
O trabalho em cantaria era comum na arquitetura portuguesa, o resultado eram muros ou paredes grossas, podendo atingir alturas superiores as de outras técnicas menos resistentes.
A parede de pedra é a técnica que utiliza pedras com o preenchimento de argamassa, que acumulam as funções de vedação e sustentação, recebendo todos os empuxos da cobertura, descarregando-os de forma distribuída sobre as fundações.  
O resultado são paredes bem robustas, com até 60 cm de espessura.

Esse tipo de técnica está presente nas paredes do restaurante do hotel.





Parede do restaurante vista internamente: Repare que as paredes são feitas em pedra com  preenchimento de argamassa, sem revestimento.

 

Parede vista externamente: presença de revestimento. 


A outra técnica presente no hotel é a de junta seca.

Nesse tipo de técnica não se utiliza argamassa. As paredes são feitas com o empilhamento de pedras de baixo para cima. É encaixado pedras de tamanhos e formas variadas onde uma sustenta a outra.
É importante que uma pedra solidifique a outra, sem deixar vãos entre si.
Esses tipos de paredes têm grande espessura podendo chegar a 1,00 m e por está razão essa é uma técnica mais utilizada em muros externos.
No hotel encontra-se essa técnica nos muros externos do estacionamento e na recepção.


       Fotografia retirada durante a estadia no hotel. A foto mostra a técnica empregada nas paredes da recepção.

 

Fotografia do muro do estacionamento do hotel.



A técnica de cantaria também está presente na construção.
Ela começou a ser empregada no Brasil em meados do século XVI, vinda com os portugueses.
Consiste em entalhar rochas para fins estruturais e também ornamentais. As formas são geometricamente definidas
Pedra com as faces devidamente aparelhadas(cantaria) geralmente de grandes dimensões e com formas geométricas definidas, podendo ser assentadas com argamassa ou apenas sobrepostas e justapostas.

Essa técnica esta presente nas paredes externas e internas do primeiro pavimento do Hotel

Detalhe no canto da parede

Detalhe da cantaria na esquina



[portas e janelas] 

por Marliany Brito


No período colonial os vãos eram compostos de quatro elementos. As vergas, elemento superior, as ombreiras, laterais e os peitoris e soleiras, inferiores. Nas paredes de alvenaria, pau a pique e adobe, de menor espessura, a solução não diferia do que hoje faríamos. Nas paredes de taipa de pilão e alvenaria de pedra, mais espessas, temos uma solução característica, que chamamos janelas de rasgo ou janelas rasgadas. Com a finalidade de aumentar a luz do compartimento, as laterais do vão eram chanfradas ou ensutadas. A parte da alvenaria que preenchia o vão da soleira até o peitoril, geralmente menos espessa que o restante da parede, chamava-se pano de peito. O espaço conseguido com o rasgo da parede, bem iluminado e fresco, recebia assentos de madeira, taipa ou alvenaria chamados conversadeiras.

Visando a um melhor entendimento do estudo das portas e janelas do hotel, a fachada foi subdivida conforme ilustra a figura abaixo:



Tipo de Aberturas – FACHADA 1

As janelas da fachada 1 possuem um acabamento em madeira, Apresentam abertura do tipo guilhotina, técnica comum do século XVII e peitoril. E são quadradas.

Foto mostrando as janelas da Fachada 1



Tipo de Aberturas – FACHADA 2

1º andar: As portas e janelas do primeiro andar são feitas de pedra. As portas são trilíticas: com duas colunas e uma barra horizontal, fazendo travamento, técnica bem antiga e presente no Brasil desde o século XVII, no andar térreo das residências.

                                                                        Foto mostrando as janelas da Fachada 2



2º andar: As janelas da fachada do segundo andar possuem um acabamento mais sofisticado, de cantaria de pedra, material que a partir do século XIX se consagrou. Apresentam arco abatido e abertura do tipo guilhotina, técnica comum do século XVIII. O peitoril dessas janelas também são em pedra de cantaria.

Foto mostrando as janelas do 2º e 3º andares, referentes à Fachada 2.


3º andar: Assim como no segundo andar, as janelas também apresentam arco abatido, porém em madeira, com abertura do tipo guilhotina, janelas em arco abatido com vidraças em guilhotina e esquadrias de madeira

Detalhe da janela presente no terceiro andar da Fachada 2, vista de dentro





[piso e teto de barrote] 

por Iviny Ribeiro

Detalhe do teto de barrote visto na antissala.


Localiza-se na recepção, antissala da recepção e restaurante, sendo teto do 1º do térreo e piso do 1º pavimento.
A técnica utiliza de réguas de madeira de encaixe, fixadas em barrotes, também de madeira, com auxílio de pregos.
Essa técnica foi empregada nos meados do século XVII onde as construções eram reflexo da sociedade, era possível determinar o poder econômico de uma família através dos materiais. Sendo assim era comum entre os ricos, piso geralmente de chão batido ou laje no andar térreo e de madeira nos sobrados. Com o tempo, a extração da madeira além de servir como produto de exportação servia como matéria prima para a produção de energia. O que fez com que a devastação fosse bem mais acentuada. A madeira deixou por um bom tempo de ser utilizada nas construções para ser queimada nas embarcações que passavam pelo litoral brasileiro.

Posicionamento da régua de madeira no barrote



Detalhe da fixação das réguas com prego

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