Instalado em um casarão do século XVIII, Luxor Hotel se integra a atmosfera de arte e história de Ouro Preto - Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade,.
O Casarão fora construído no período brasileiro em que se vivia o CICLO DO OURO, marcando o final do século XVII - com a descoberta em Minas Gerais, Bahia, Mato Grosso e Goiás - até o final do século XVIII - quando a população brasileira passou de, aproximadamente, 300 mil para 3 milhões de pessoas. Minas Gerais tornou-se o centro econômico da Colônia, com um rápido povoamento em locais como Ouro Preto e Mariana. Onde era explorada a potencialidade da época, o ouro de aluvião.
O Hotel fica situado na esquina do antigo "beco da Lapa", região Central, na Rua Dr. Alfredo Baeta, 16. É um sobrado setecentista que se destaca pelas proporções. Nele residiu o Padre Inácio Xavier da Silva Ferrão, membro de importante família setecentista estabelecida em Vila Rica. Foi também residência de Augusto Barbosa da Silva (1860-1939) professor da Escola de Minas a partir de 1889, precursor da siderurgia na América Latina e pioneiro da Eletro-metalurgia mundial, com a invenção do alto forno elétrico.
[paredes de pedra]
por Thaynara Valbuza
As
paredes robustas são o reflexo da técnica desenvolvida no período e estruturam
a construção do Luxor hotel.
As
paredes de pedra foram utilizadas em boa parte da construção, atuando sempre
como elemento estrutural. O que é bastante perceptível em muitas outras
construções de Ouro Preto.
No Hotel
Luxor três tipos de técnica foram utilizados: junta seca, parede de
pedra e cantaria.
As
alvenarias tanto de pedra bruta quanto aparelhadas ou ainda de junta secas, foram
bastante utilizadas na Colônia, devido a sua abundância e sua resistência às
intempéries.
O trabalho
em cantaria era comum na arquitetura portuguesa, o resultado eram muros ou
paredes grossas, podendo atingir alturas superiores as de outras técnicas menos
resistentes.
A parede de pedra é a técnica que
utiliza pedras com o preenchimento de argamassa, que acumulam as funções de
vedação e sustentação, recebendo todos os empuxos da cobertura,
descarregando-os de forma distribuída sobre as fundações.
O resultado são paredes bem
robustas, com até 60 cm de espessura.
Esse tipo de técnica está presente
nas paredes do restaurante do hotel.
Parede do restaurante vista internamente: Repare que as paredes são feitas em pedra com preenchimento de argamassa, sem revestimento.
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Parede vista externamente: presença de revestimento.
A outra técnica presente no hotel é a de junta seca.
Nesse tipo de técnica não se
utiliza argamassa. As paredes são feitas com o empilhamento de pedras de baixo
para cima. É encaixado pedras de tamanhos e formas variadas onde uma sustenta a
outra.
É importante que uma pedra
solidifique a outra, sem deixar vãos entre si.
Esses tipos de paredes têm grande espessura
podendo chegar a 1,00 m e por está razão essa é uma técnica mais utilizada em muros
externos.
No hotel encontra-se essa técnica
nos muros externos do estacionamento e na recepção.
Fotografia
retirada durante a estadia no hotel. A foto mostra a técnica empregada nas
paredes da recepção.
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Fotografia
do muro do estacionamento do hotel.
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A técnica de cantaria também está presente na construção.
Ela começou a ser empregada no Brasil em meados do século XVI,
vinda com os portugueses.
Consiste
em entalhar rochas para fins estruturais e também ornamentais. As formas são
geometricamente definidas
Pedra com as faces devidamente aparelhadas(cantaria)
geralmente de grandes dimensões e com formas geométricas definidas, podendo ser
assentadas com argamassa ou apenas sobrepostas e justapostas.
Detalhe no canto da parede
[portas e janelas]
por Marliany Brito
No período colonial os vãos eram compostos de quatro elementos. As vergas,
elemento superior, as ombreiras, laterais e os peitoris e soleiras,
inferiores. Nas paredes de alvenaria, pau a pique e adobe, de menor espessura,
a solução não diferia do que hoje faríamos. Nas paredes de taipa de pilão e
alvenaria de pedra, mais espessas, temos uma solução característica, que chamamos janelas
de rasgo ou janelas rasgadas. Com a finalidade de aumentar
a luz do compartimento, as laterais do vão eram chanfradas ou ensutadas. A
parte da alvenaria que preenchia o vão da soleira até o peitoril,
geralmente menos espessa que o restante da parede, chamava-se pano de
peito. O espaço conseguido com o rasgo da parede, bem iluminado e fresco,
recebia assentos de madeira, taipa ou alvenaria chamados conversadeiras.
Visando a um melhor entendimento do estudo das portas e janelas do hotel, a fachada foi subdivida conforme ilustra a figura abaixo:
Tipo de
Aberturas – FACHADA 1
As janelas da fachada 1 possuem
um acabamento em madeira, Apresentam abertura do tipo guilhotina, técnica comum
do século XVII e peitoril. E são quadradas.
Foto mostrando as janelas da Fachada 1
Tipo de
Aberturas – FACHADA 2
1º andar: As portas e janelas do primeiro andar são
feitas de pedra. As portas são trilíticas: com duas colunas e uma barra
horizontal, fazendo travamento, técnica bem antiga e presente no Brasil desde o
século XVII, no andar térreo das residências.
Foto mostrando as janelas da Fachada 2
2º andar: As janelas da fachada do segundo andar possuem
um acabamento mais sofisticado, de cantaria de pedra, material que a partir do século
XIX se consagrou. Apresentam arco abatido e abertura do tipo guilhotina, técnica
comum do século XVIII. O peitoril dessas janelas também são em pedra de
cantaria.
Foto mostrando as janelas do 2º e 3º andares, referentes à Fachada 2.
3º andar: Assim como no segundo andar, as janelas
também apresentam arco abatido, porém em madeira, com abertura do tipo guilhotina,
janelas em arco abatido com vidraças em guilhotina e esquadrias de
madeira
Detalhe da janela presente no terceiro andar da Fachada 2, vista de dentro
[piso e teto de barrote]
por Iviny Ribeiro
Detalhe do teto de barrote visto na antissala.
Localiza-se na
recepção, antissala da recepção e restaurante, sendo teto do 1º do térreo e
piso do 1º pavimento.
A técnica utiliza
de réguas de madeira de encaixe, fixadas em barrotes, também de madeira, com
auxílio de pregos.
Essa técnica
foi empregada nos meados do século XVII onde as construções eram reflexo da
sociedade, era possível determinar o poder econômico de uma família através dos
materiais. Sendo assim era comum entre os ricos, piso geralmente de chão batido
ou laje no andar térreo e de madeira nos sobrados. Com o tempo, a extração da
madeira além de servir como produto de exportação servia como matéria prima
para a produção de energia. O que fez com que a devastação fosse bem mais
acentuada. A madeira deixou por um bom tempo de ser utilizada nas construções
para ser queimada nas embarcações que passavam pelo litoral brasileiro.
Posicionamento
da régua de madeira no barrote
Detalhe
da fixação das réguas com prego
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